Segundo Melià (1992), o primeiro trabalho de cunho lexicográfico para a língua Guarani foi o Vocabulario de la Lengua Guarani (1640), de Montoya. Após este, o Lexicon Hispano-Guaranicum: vocabulário de la lengua Guarani inscriptum, de Restivo (1722), uma revisão do Vocabulario de la Lengua Guarani, de Montoya, com dados da dialetologia Guarani. Mais tarde, o Tesoro de la lengua Guarani, de Montoya, primeiro dicionário para o Guarani, organizado entre 1610 a 1768. Após esses, o Diccionario Mbyá-Guaraní Castellano, de Cadogan (1971), versão do Vocabulario Mbyá-Guaraní, inserido no Ayvú Rapyta (1959), do mesmo autor e o Diccionario Castellano-Guaraní y Guaraní- Castellano, de Antonio Guash (1978). Nessas obras, predomina o Guarani falado no Paraguai. No Brasil, foi elaborado o “Léxico Guarani, de Robert Dooley, 1ª ed. 1982 e o Ñe’ẽryru Avañe’ẽ-Portuge – Portuge-Avañe’ẽ, por Assis (2008) e, mais recentemente, o Dicionário Kaiowá-Português (Chamorro, 2022), além de outras obras menores. Este projeto de pesquisa nasceu da demanda de diversos professores Guarani e tem sido elaborado sob um formato de pesquisa colaborativa, contando consultores Guarani, professores e professoras em suas aldeias. O projeto pretende apresentar um dicionário bilíngue Guarani-Mbyá/Português, com dados do Kaiowá, Nhandewa e Nhandeva, propondo caminhos inovadores na estruturação do dicionário como: indicação das categorias de funcionamento à luz do funcionamento da língua indígena e não obrigatoriamente à luz das línguas europeias e a apresentação das flexões nominais e verbais nas entradas do dicionário. Como produto final, objetiva-se apresentar um dicionário em língua indígena que seja um protótipo para a elaboração de um sistema vinculado a tecnologias digitais, com caráter multidisciplinar, disponibilizando, em sua conclusão, um dicionário online que disponibilizará bases de representação da informação para multiplataformas.