Após a emocionante Visita Técnica ao NOAP - Núcleo de Ofiologia e Animais Peçonhentos da Bahia, conduzida pela Profa. Rejâne Lira (IBIO), o estudante Herbert Tupinambá, da Licenciatura Intercultural Indígena (LINTER), expressou sua vivência por meio de um belíssimo poema intitulado A Serpente do Tempo. Essa produção sensível reflete não só o impacto da visita, mas também o profundo vínculo entre o conhecimento científico e a ancestralidade indígena, que permeia nossa formação.
Segundo Herbert, "foi uma aula maravilhosa onde eu não me contive em meu grupo. Andei em todos os cantos do NOAP. Teve um momento que eu fiquei olhando para a cobra e senti a inspiração de falar com ela. Eu disse que ela era realmente linda, pois trazia consigo os grafismos e senti a presença da ancestralidade". Ele ainda acrescenta: "Ela me deixou muito feliz com uma energia forte, a qual estava precisando. Mesmo estando longe da minha aldeia, ela conseguiu me fazer sentir em casa".
Refletindo sobre a profundidade do encontro, Herbert conta que sentiu a cobra lhe transmitir uma mensagem: "Ela me falou que tudo que estou vivendo tem um propósito e um tempo, que estou assim como ela, mudando, crescendo e renovando a minha pele ancestral".
Abaixo, compartilhamos o poema de Herbert, uma verdadeira celebração de sua experiência:
A Serpente do Tempo
Desliza a serpente no chão frio,
Sua pele renova, um ciclo sem fim,
Deixando pra trás o que já foi, vazio,
Crescendo, mudando, e indo até o fim.
Nos olhos dela, o mundo é antigo,
Um segredo guardado, profundo e sagaz,
Sabedoria enroscada, um perigo amigo,
Que revela o que passa e o que não se faz.
A cobra não teme o tempo que avança,
Ela sabe que o novo vem do que cai,
No silêncio do rastejo, uma dança,
Entre o que já foi e o que se refaz.
E assim seguimos, com medo e desejo,
Como a cobra que muda, mas sempre é ela,
Procurando na sombra o mistério e o ensejo,
De fazer da vida nossa própria novela.
- Herbert Tupinambá
Parabenizamos Herbert por essa linda obra, que traduz a complexidade e a beleza de sua vivência no NOAP.