Formação Saberes Indígenas em Ibotirama fortalece laços e reafirma compromisso com a educação intercultural

Entre os dias 22 e 24 de agosto, a aldeia Tuxá, em Ibotirama (BA), foi palco da etapa final de 2025 da Formação Saberes Indígenas na Escola – Núcleo UFBA, reunindo educadores, lideranças, estudantes e representantes da comunidade escolar dos povos Tuxá, Atikum e Kiriri.  
 
A programação intensa e colaborativa incluiu momentos de estudo, vivências culturais e trocas de saberes, sempre com o objetivo de fortalecer práticas pedagógicas que respeitam e valorizam as especificidades culturais e linguísticas de cada povo.  
 
No primeiro dia, após o café da manhã comunitário e a acolhida dos caciques Tuxá, a programação contou com uma apresentação da professora Ana Maria Rivera sobre a importância de articular as tecnologias digitais aos processos de ensino de Língua Portuguesa e Matemática. Em seguida, foi desenvolvido o módulo de Língua Portuguesa articulado aos multiletramentos, ministrado por Merk Pataxó e Andréia Santana. No período da tarde, houve uma dinâmica coletiva conduzida pelo professor Ithamar Vieira e uma vivência intercultural que reuniu as mestras Japira Pataxó e Mayá Pataxó, do povo Hãhãhãe, e lideranças Tuxá, celebrando a diversidade e a memória coletiva.
 
O segundo dia foi dedicado às oficinas de Matemática, com o professor Leonardo Lins abordando etnomatemática e construção de materiais didáticos contextualizados, e à aula de pigmentação natural com Thiago Tupinambá, que conectou ciência, arte e tradição. O encerramento, no dia 24, foi marcado por um café da manhã de despedida e pelo retorno dos participantes às suas aldeias, levando consigo novos aprendizados e parcerias fortalecidas.  

Vozes que marcaram o encontro

Para Larissa Raiara, da Coordenação de Educação Escolar Indígena (CEEI/SEC), a etapa foi marcada pela união e pelo acolhimento:  
“A Formação foi muito produtiva e teve a participação de toda a comunidade escolar. Coordenadores, formadores, orientadores, cursistas, comunicação, colaboradores e apoiadores: somos um coletivo, e o espaço aqui é de todos vocês, conquistado, construído e fortalecido pelos Tuxá, Atikum e Kiriri.”  
 
Maria Muniz Mayá destacou a força do trabalho conjunto:  
“Com seriedade e respeito, fazemos um grupo de trabalho com muitos progressos. Parabéns a todos, pois esta equipe está com as forças de Deus e dos encantados.”  
 
Débora Abdalla, que acompanhou a equipe de comunicação, ressaltou a dedicação dos jovens envolvidos:  
“Trabalharam de forma linda, com muito amor e competência. Trabalho importante como esse não se deixa incompleto.”  
 
Já Rafael Tuxá, anfitrião da aldeia, reforçou a importância da presença do grupo:  
“Nossa aldeia estará sempre de portas abertas para receber todos vocês. É muito importante a divulgação da nossa Ação Saberes Indígenas no território. Que o nosso Pai Tupã abençoe cada um de vocês.”  

Educação como ponte

Mais do que um ciclo de atividades, a formação em Ibotirama reafirmou o compromisso do Programa Saberes Indígenas na Escola com uma educação intercultural, bilíngue e de qualidade, construída a partir do diálogo entre saberes tradicionais e conhecimentos acadêmicos.  
 
O encontro deixou como legado não apenas materiais e metodologias, mas também vínculos afetivos e políticos que fortalecem a luta por uma escola que seja, ao mesmo tempo, espaço de aprendizagem e de afirmação identitária.