No dia 23 de agosto de 2024, o Programa de Pesquisas sobre Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro (PINEB) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em parceria com o PET Comunidades Indígenas, organizou a primeira Jornada Pedagógica do curso de Licenciatura Intercultural Indígena. O evento aconteceu às 14h na Sala Audiovisual da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH/UFBA) e contou com a presença dos docentes do primeiro semestre e de formadores renomados, como Maria Rosário Gonçalves de Carvalho e Felipe Tuxá, professores doutores em Antropologia da UFBA.
A Jornada Pedagógica se desenvolveu em quatro segmentos distintos, cada um abordando temas essenciais para o curso e para a formação dos professores indígenas:
-
Introdução ao PINEB: Maria Rosário de Carvalho (UFBA) apresentou a criação do Programa de Pesquisas sobre Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro, destacando sua importância no Departamento de Antropologia e Etnologia da UFBA.
-
Composição Étnica da Bahia: José Augusto Laranjeiras Sampaio (UNEB) discutiu a diversidade étnica da Bahia, proporcionando um entendimento mais profundo sobre a pluralidade cultural e indígena no estado.
-
Educação Indígena como Educação Diferenciada: Felipe Tuxá (UFBA) explorou os conceitos de educação indígena, enfatizando a necessidade de um ensino que respeite e valorize as especificidades culturais e linguísticas dos povos indígenas.
-
Matriz Curricular da Licenciatura Intercultural: Wender Freitas (UFBA) apresentou a estrutura curricular do curso, destacando a importância de uma formação que atende às demandas educativas dos povos indígenas da Bahia.
-
Reflexões dos Estudantes: Estudantes do PET Comunidades Indígenas compartilharam suas experiências e reflexões sobre a presença indígena na UFBA, proporcionando uma rica troca de conhecimentos.
A jornada também incorporou importantes referências teóricas e legais, incluindo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), o Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (1998), e as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Indígena (1999), que embasam a educação escolar indígena no Brasil.
Segundo o argumento teórico elaborado pela professora Maria Rosário Gonçalves de Carvalho, o curso de Licenciatura Intercultural Indígena da UFBA visa fortalecer a educação escolar indígena específica e diferenciada, atendendo às reivindicações dos povos indígenas da Bahia. Esse movimento educacional, ascendente desde os anos 1990, reflete a crescente conscientização social e política dos povos indígenas e a busca por maior visibilidade e autonomia.
A fala de Sônia Guajajara, proferida em sua posse no Ministério dos Povos Indígenas, foi lembrada durante a jornada como um marco na luta indígena por reconhecimento e inclusão: "Vivemos no mesmo tempo e espaço que qualquer um de vocês. Somos contemporâneos desse presente e vamos construir o Brasil do futuro, porque o futuro do planeta é ancestral".
A jornada pedagógica destacou a relevância de uma formação intercultural, multilíngue e diferenciada para atender à diversidade étnica e sociocultural dos povos indígenas da Bahia e do Brasil. O curso de Licenciatura Intercultural Indígena da UFBA continua comprometido com a formação de professores indígenas capacitados para atuar na rede de ensino fundamental e médio, contribuindo para a valorização e a preservação das culturas indígenas.